Entendemos que livros eletrônicos sejam uma significativa estratégia de proteção da natureza porque viabilizam a distribuição de conhecimento com importante redução de impacto ambiental.
Para entender a
relação entre proteção ambiental e produção de livros, precisamos lembrar que
todo livro físico, de papel, tem o início de seu ciclo como produto na supressão de um
ecossistema natural. Isso mesmo, o início de um livro de papel é a destruição de
um ambiente natural, por exemplo, o que chamamos de desmatamento. Este
é só o início de um ciclo que avança por diversos outros impactos para o
ambiente.
O espaço onde existia um ambiente natural original é então substituído pela plantação de florestas com fins industriais, cultivadas com técnicas que incluem, por exemplo, o uso de produtos químicos poluentes. No Brasil os reflorestamentos para indústria de papel e celulose são feitos pela monocultura de espécies exóticas como eucalipto e pinus, reduzindo drasticamente a biodiversidade local e provocando invasão biológica sobre ambientes naturais, o que prejudica flora e fauna nativas.
A madeira destas monoculturas é cortada com máquinas geralmente a diesel, precisa
ser transportada também ao custo da queima de combustíveis. Depois, de forma
muito abreviada, para que se torne papel, é processada física e quimicamente em
seis etapas: preparação da madeira, cozimento, lavagem, deslignificação,
branqueamento e secagem. Até se
tornar livro, passa por outras etapas incluindo o uso de vários
produtos poluentes como tintas, colas, plásticos, embalagens, cada um deles com suas histórias pregressas de poluição. Novamente pelo transporte, o livro chega até revendedores e depois até o local onde está o
consumidor.
Após todo este trajeto para cumprir a preciosa missão de entregar conhecimento, ou mesmo entretenimento, não é surpresa se tornar um resíduo, as vezes em pouco tempo, e muito raramente é subordinado a algum processo paliativo de reciclagem. E então, em sua destinação final também impacta a natureza, seja como volume em um aterro ou outra forma de fim de ciclo do produto como a incineração.
O mercado de papel e celulose é
responsável por 61% dos reflorestamentos no Brasil. O ciclo todo é bastante
impactante, inclui geração de carbono, gasto de água e energia elétrica
consideráveis. A produção de uma resma de papel consome entre 50 e 60 eucaliptos, em torno de 100 mil litros de água e 5 mil Kw/h de energia. Para se obter uma tonelada de papel emitimos mais de 1,5 toneladas de CO2.
Seria possível
fazer diferente? Dizem os especialistas que as mudanças de hábito provocadas
pela pandemia Covid-19 resultaram em uma redução de 14% do consumo de papel no
Brasil. Pois os documentos eletrônicos precisaram ganhar espaço. Então sim,
podemos mudar em favor da proteção da natureza, e o livro eletrônico em substituição ao de papel, elimina, ou reduz, toda a cadeia poluente que relatamos aqui. Edições de livros eletrônicos tendo o mesmo título publicado em papel também são um avanço neste sentido, pois parte dos leitores será atendida sem a necessidade da obra impressa.
Os reflorestamentos são importantíssimos para a humanidade e precisam continuar suprindo uma enorme variedade de bens relevantes para a sociedade. Isto não se questiona. Mas também não podemos questionar que sempre serão bem-vindas as ações em favor da redução dos impactos gerais da produção de livros em papel. Impactos estes iniciados ali, na triste supressão de um ambiente natural que nunca mais existirá e encerrados em seu custoso destino final, deixando pelo caminho um rastro de danos irreparáveis para natureza.
Um dos maiores desafios nesta jornada é a persistência, em alguns meios, da cultura que venera o livro de papel. Nessa senda de
estimular a produção e o consumo do conhecimento de forma sustentável, reduzindo toda esta
cadeia de danos ambientais, investimos no estímulo a uma cultura renovada, que efetivamente
se compromete com a proteção da natureza, a do livro eletrônico.
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