Comfauna Livros comemora 10 anos

Embora a Comfauna LTDA. já conte com mais de três décadas de existência, neste ano de 2022 a Comfauna Livros completa 10 anos, contando com um acervo que abrange mais de uma dezena de livros publicados e disponibilizados ao acesso gratuito. Esta inciativa nasceu dos sonhos de dois biólogos atuantes na área de conservação e biodiversidade. Sonhos que se tornaram realidade através de muito trabalho voluntário e parcerias relevantes com instituições a exemplo de órgãos públicos e organizações não governamentais.

Após uma década de atividades, encontramos este momento de respirar, olhar para o que foi produzido e comemorar o sucesso logrado por atingir os principais objetivos motivadores da empreitada: 1 – disponibilizar conhecimento de qualidade ao acesso livre na área de conservação, biodiversidade e meio ambiente; 2 – contribuir com a redução da cadeia poluente da produção livreira tradicional.

O primeiro objetivo nasce da dor sentida por nós a cada momento no qual nos damos conta da existência de pessoas que desejam um livro que não podem ter. Somos empreendedores que se incomodam com o acesso ao conhecimento condicionado ao pagamento. Percebemos a exclusão científica que há no formato da distribuição do conhecimento via livros físicos pelo mercado editorial tradicional, com o qual agregamos experiência familiar de décadas. Nosso entendimento é que toda a sociedade ganha quando o conhecimento está igualmente ao acesso de todos, favorecendo a apropriação e geração de mais saberes, promovendo assim o avanço coletivo. Por isto, assumimos a parte da responsabilidade sobre esta mudança que está ao nosso alcance.

O segundo objetivo surge da percepção dos impactos ambientais mundiais resultantes das alterações seculares geradas pela produção de papel. 

Reflorestamentos são importantíssimos para a humanidade, viabilizam a produção de uma variedade de bens desde fósforos, lápis, móveis até... o papel, este objeto de importância histórica colossal. O papel trouxe a humanidade até aqui, viabilizou o início da imprensa, a disseminação de conhecimento e muito mais deste universo da escrita e da leitura, que transformou a sociedade para melhor.

Extensas áreas que originalmente foram ocupadas por florestas nativas ainda são destinadas a reflorestamentos conduzidos para assegurar a produção de papel, em parte para impressão de livros. Sabemos que a biodiversidade é impactada pela indústria do papel na atualidade, um tempo no qual um livro produzido em PDF, por exemplo, pode ser lido em equipamentos que precisam existir para uma diversidade enorme de outros fins além da leitura, como os celulares, tablets e computadores pessoais.

Na condição de biólogos que somos, precisamos reiterar incisivamente, consideramos os reflorestamentos para produção de madeira e celulose essenciais para a humanidade. O maior problema ambiental, sob nossa ótica, está no tamanho da população humana, que a partir de dois bilhões de pessoas deixa de ser sustentável até mesmo com a adoção hipotética de todas as estratégias de sustentabilidade aplicadas ao modo de consumo humano. Mas percebemos que está sim ao nosso alcance contribuir com a otimização da produção florestal artificial pela redução do uso de papel, e sem a perda de sua função no que diz respeito a existência de livros, ganhando ainda em poder de inclusão científica.

Acreditamos que esta cadeia de danos ambientais atrelada aos livros físicos precisaria uma justificativa muito forte para prosseguir da forma como ainda acontece. Falamos de uma mudança cultural, que sempre é difícil, mas nesse caso, precisa ocorrer o mais rápido possível. A questão é como fazer esta transição de paradigmas culturais respeitando a todos, inclusive editores, autores e leitores que ainda desejam muito livros impressos. Esse desejo precisa ser profundamente entendido e trabalhado em suas alternativas. Os livros eletrônicos precisam encontrar caminhos para atender a estes desejos, caso contrário o processo de substituição estará comprometido.

Uma alternativa de transição para editoras que desejam migrar para metodologias sustentáveis, é a publicação simultânea de um mesmo título, nos formatos digital e físico. Certamente os leitores da edição eletrônica contribuiriam com a redução dos impactos ambientais e aqueles que sentem necessidade do livro físico teriam seus desejos atendidos. Esta forma de produção dupla pode ser interessante em um processo de transição, por viabilizar a baixa tiragem de livros físicos, uma vez que a versão eletrônica atenderia parte da demanda. Não é uma solução ideal porque segue estimulando a cultura do livro físico. Mas já é uma forma de redução da problemática ambiental. Da mesma forma, a necessidade econômica da venda de livros poderia incluir os custos da distribuição gratuita para, ao menos, uma parte dos leitores que, de outra forma, ficariam privados do acesso. São maneiras de pensar em ambiente e sociedade capazes até mesmo de, se bem trabalhadas, favorecer a imagem de editoras atentas a tais aspectos.

Sabemos que um dos desejos envolvidos na questão, tanto de autores quanto de leitores, diz respeito ao ritual tradicional do autógrafo, que personaliza o objeto livro tornando-o único. É um desejo legítimo e que merece toda a consideração por parte dos editores. Pensando nisto, neste ano em que a Comfauna Livros completa 10 anos, começamos a oferecer aos nossos leitores a possibilidade de receber seus livros eletrônicos personalizados com o autógrafo de próprio punho dos autores. Outro desejo que se manifesta recentemente, tão legítimo quanto o primeiro, e que abrange o âmbito da produção de conteúdo na área de natureza, é o de receber o livro físico pelo correio, postando em seguida sua fotografia nas redes sociais. Entendemos que a página de um livro eletrônico autografada de próprio punho pelo autor tenha excelentes condições de atender a este desejo.

Por fim, para promover essa mudança de concepção e de hábitos que envolvem o objeto do livro na história, precisamos ir além de encontrar alternativas tecnológicas para os desejos de editores, autores e leitores. Precisamos fomentar um processo profundo de educação ambiental que leve o indivíduo a entender o preço de um livro físico para a natureza. E este é um desafio que seguimos enfrentando com a coragem necessária na Comfauna Livros.

Estamos abertos ao debate para encontrar soluções viáveis e satisfatórias no enfrentamento das dificuldades naturais, resultantes das escolhas que fizemos. E o faremos mantendo firme a necessária direção de inclusão científica e sustentabilidade ambiental, que promovem a evolução da sociedade e proteção do nosso patrimônio natural para as futuras gerações!

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